São Luís, 22 de julho de 2013
Oi você
Hoje excluí as primeiras cartas, como forma de jogar meu passado no esquecimento, como algo que nunca aconteceu.
Tenho vergonha das palavras que utilizei, das coisas que fiz, dos meus sonhos, de quem era ou de quem estava me tornando.
Aquelas
cartas eram para e sobre você. Um ingênuo sentimento de que você
chegaria aqui, de que iria ler as palavras que deixei saí, era o que movia. Como se algo
fosse mudar. Que boba eu sou. Nas primeiras cartas, respondi perguntas simples, como: Quem sou eu? O que almejo? Na vã esperança de que você iria ler e me reconhecer. Hoje nem eu mesmo sei quem sou. Antes a resposta estava aqui, prontinha, na ponta da língua.
Agora, paro e penso ... Nada vem.
Só sei que fui aquela que pensava, vivia e buscava amar e ser amada. Que acreditava fácil nas pessoas e em seus sentimentos. Quem, prontamente, estendia a mão a pessoa que havia lhe magoado. Aquela que esperava, mesmo que fossem inúmeras as voltas dadas pelos ponteiros do relógio.
A ingênua, a esperançosa ... Sim, eu era aquela idiota!!!
Milla Moraes