Vicio

Rio das Ostras, 28 de junho de 2012. 

Escrevo estas modestas linhas, pra compartilhar minha angústia. E, talvez, ter um pouco de ajuda.
Começou na adolescência, talvez um pouco antes. Eu era jovem, ingênua... não conhecia nada do mundo. Muitas novidades, tudo meio mágico, queria provar de tudo e não tinha defesas contra nada. 
Acho que foi numa festa dessas, como a maioria. Um amigo legal, na verdade, dois, as saídas começam a ficar mais frequentes, uma noite divertida e comecei a achar que tudo o que fazia com eles era incrível, sem exceção. Logo as saídas e festas não bastavam. Começamos a nos ver todos os dias e quando me dei conta, estava completamente viciada. Quanto mais eu tinha, mais eu queria. Não ficava satisfeita se não tivesse, mas estava sempre feliz, porque os momentos de “abstinência” me faziam dar mais valor quando eu tinha. Logo meus amigos começaram a namorar, e então as coisas ficaram diferentes...
Lembrei agora, que no colégio eu já estava viciada. Nossa... tinha umas pessoas muito doidas, umas crises alucinantes. Naquela idade tudo era exacerbado pela pré-adolescencia. Tudo era intenso... Uma das minhas amigas está comigo até hoje nessa... Mas acho que ela não é tão viciada quanto eu. Na verdade, ela tem seus próprios vícios... Mas a gente se fala muito e se vê sempre que é possível e aí... é sempre uma viagem louca.
Depois, eu comecei a namorar. Via estrelas. Tinha sempre. Meu vicio aumentou muito, mas nessa época era fácil conseguir. Quase o tempo todo. Mesmo quando era complicado, era fácil. E ótimo. Acho que quanto mais difícil era, melhor ficava. Depois que ficou mais simples e com menos problemas, já não estava tão interessante.
Um pouco depois, entrei pra faculdade. UAU!!! Sim, indescritível. Eram seis tipos diferentes e eu nunca tinha visto nada parecido em relação a combinações e reações. Era tudo, sempre, deslumbrante, pra dizer o mínimo. Claro que a paisagem ajudava também, ao pé do pão de açúcar qualquer reação é catalisada. Eu achava que era mentira quando diziam, quando eu lia a respeito. É difícil largar algo assim. 
Tive que mudar-me muitas vezes nessa época. E quanto mais difícil as coisas ficavam, mais eu valorizava meu vicio. Afinal, que mal tem?? Não prejudico ninguém, eu acho... E é tão bom ter essa válvula de escape. Fiquei muito reflexiva com tantas mudanças. Cada vez que me mudava, reorganizava e repensava sobre tudo, literalmente e metaforicamente. Arrumar caixas era igual a arrumar pensamentos. E, quanto mais eu fazia isso, mais me viciava. Larguei muitas outras coisas, deixei muitas manias, mudei muitas atitudes, mas a cada dia ficava mais dependente. Vício, em geral, só aumenta, principalmente quando você adora o fato de ser viciada.
Claro que tem seus inconvenientes... Vi meus pais muito incomodados sem saber direito o por quê. A família não entende muito bem quando estou em crise, quando estou sentindo falta. Nenhum deles nunca viu isso, acho. Eu mesma nunca ouvi falar de ninguém nesse nível. Talvez as pessoas sejam melhores que eu em disfarçar, mas acho que eu nunca tentei de fato disfarçar. As pessoas é que não se deram conta. 
Agora que moro numa cidade pequena, onde conheço tão poucas pessoas, achei que talvez pudesse me acostumar à tranquilidade daqui, mas não... Está piorando. Sinto como se uma grande crise de abstinência tomasse conta de mim. Quero o tempo todo. Quando os meus pais estão bem, eles entram na onda, mas nem sempre têm disposição ou tempo. Os poucos amigos que tenho nem sempre estão disponíveis. A única coisa que posso fazer é tentar superar a abstinência e esperar. Pensei que, se talvez confessasse, obtivesse ajuda. Sim, eu sou viciada nos meus amigos, mas só naqueles que são especiais. O problema de se viciar em pessoas é que elas não podem estar disponíveis como coisas, que compramos. Você não pode simplesmente pagar, como uma droga, e ter. Também sou viciada em ser feliz, quero diversão o tempo todo. Porque ser feliz, pra mim, é simplesmente estar perto de quem gosto e isso não é possível o tempo todo. Sei que às vezes sufoco, procuro demais, ligo de mais, mando mensagens enormes o dia inteiro mesmo quando não tenho resposta. Daí eu paro, me afasto e deixo livre. Não que eu não sinta mais falta ou que meu vício passou, mas a minha saudade e o meu vício são problemas meu. Quem ama não sufoca, deixa livre. Todos que me amaram voltaram. Sou tão viciada em ser feliz a ponto de desejar que todos que gosto aprendam a se viciar também. Ser feliz é ter um momento relaxante. É ter seus momentos de prazer, mesmo sozinho. É aproveitar a própria companhia. É chorar sozinho e perceber que é só por aquele momento, só naquele instante, porque nenhuma dor é eterna. Sou viciada em ser feliz, porque diversão acaba, alegria passa, até a felicidade tem suas ausências. No entanto, tudo é passageiro, e tudo é breve. Então, cada segundo de alegria, cada minuto de diversão, cada momento rindo é muito precioso. Pelo simples fato de que não vai durar pra sempre.
Debora do Nascimento
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A perplexidade.

Os dias que se seguiram ao nosso término não foram fáceis. Ainda ensaiamos alguns encontros, mas já era a mesma coisa, pelo menos naquele momento. Tínhamos um show para irmos juntos!
Isso também parecia estranho, já não sabia se deveria ir ou não. Eu não tinha noção de como me comportar diante dessa nova situação. Tudo tão diferente, estranho, olhar para você como alguém distante não era bem o que eu queria.
E o mais interessante era que não sentia raiva ou ódio de você. Sentia não poder fazer nada para reverter o quadro. Estava impotente, inútil diante da tua vontade pessoal ― única coisa na qual não podia interferir. Lutar com a vontade é uma luta vã, no entanto lutamos mal rompe a manhã.
Com a pessoa amada os sentimentos não são antagônicos. Eu não odiei você por isso. Só não conseguia entender sua decisão. Continuei e continuo te amando quando desde a primeira vez que sussurrei estas palavras em teu ouvido. Agora precisava dizer isso bem baixinho para que não saibam os passarinhos que espalham o pólen das flores. Agora nosso amor não podia ser espalhado. Tinha de ficar em segredo.
Como eu reagi a tudo isso? Estranheza, vazio, solidão, dor tristeza. Um dia (eis uma confissão pessoal) chorei copiosamente por tudo o que havia acontecido e pela impotência ante a VONTADE PESSOAL, foi a forma que encontrei para desabafar. Minha fortaleza havia se tornado minha maior fraqueza. Precisava redefinir o conceito de amigo encontrar um lugar para você.

J.J.M.C.
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O fim

Pensei que tudo isso fosse ainda reflexo da grande perda. Procurava entender todas as tuas reações, mas já estava ficando difícil ver tantas mudanças em tão curto espaço de tempo. Numa determinada ocasião, após um ríspido dialogo e imbuída de uma ética humana muito acentuada disse que era melhor terminarmos o namoro. “Como é que é!?, Terminar?, Mas, porquê? O que foi que fiz? Disse? Aprontei? ” Relutei para acreditar no que estava ouvindo. Você pedia para pôr um ponto final em nossa vida a dois. Elencou seus motivos, tentou me convencer de que era a melhor coisa a ser feita. Eu estava disposto a lutar até a última réstia de esperança e não tombei ante a primeira demanda. Insisti, apelei, fui fazendo tudo o que qualquer amante faria para manter sua amada. Até concordei com a ideia de tempo (algo antes inimaginável em minha história de vida, mas para provar que estava disposto a qualquer sacrifício para ficar junto a você e, se bem me lembro, havia dito que não daria tempo a ninguém). Mas foi inútil. Você estava determinada, decidida. Ou tudo, ou nada. Você não me dava opção, já me trazia a solução. A minha mente se perguntava “o que fazer? E agora?”. Estava ficando sem argumentos, sendo “vencido” pela força da vontade juvenil e decidida. Num insight resolvi propor que ficássemos afastados por um ano no qual você poderia fazer o que quisesse liberdade total e irrestrita. Eu não diria nada até a data de uma ano. Estaria livre até para outros relacionamentos. Você parou por alguns segundos, pensou e eu pensei comigo que havia conseguido uma trégua momentânea o suficiente para novamente tentar dissuadi-la desta ideia terrível. Ledo engano. Você já tinha a decisão que não era passível de discussão ou de provimento de provas ou ainda de qualquer procrastinação. Era uma decisão madura e consciente de suas conseqüências ― a principio e durante todo o desenrolar de nosso dialogo era assim que parecia. Você enfim retornou e me disse que não era certo o que eu propunha nem para você, nem para mim. Não era falta de sentimento, só que naquele momento você não queria mais. Depus a guarda. Percebi que qualquer coisa que fizesse a mais, ou dissesse não seria suficiente. Você estava disposta, pronta, decidida, como poucas vezes havia visto. Aceitei sua decisão. Não era compartilhada, era só sua. Achei que talvez no outro dia, pudesse querer voltar atrás, e eu aceitaria como se nada tivesse acontecido. Mas algo me dizia que não seria bem assim.
Demonstrei um certo desconforto, raiva, sentimento de nulidade, de incapacidade, revolta por não conseguir dissuadi-la de seu intento. Pela primeira vez me senti injustiçado por você. Todos os planos que eu fiz ― Eh! Foi só eu que fiz, você apenas os ouviu e compartilhou da ideia, mas pouco sonhou comigo. 
Era chegada a hora de ir embora e de não mais voltar. Você me propôs sermos amigos ―, mas veja a minha posição naquele momento, como ser amigo do ser que você mais ama nesse mundo? De inicio te lembrei que eu não era amigo de nenhum ex-relacionamento meu. Depois te disse que naquele momento eu não conseguiria ser só amigo, mas que iria tentar superar tudo isso e aí sim, tentaria ser seu amigo. Mais uma vez, você me fazendo repensar minhas atitudes. Já estava no portão, nos momentos finais de nossa conversa. Você pedia desculpas por tudo. Eu não conseguia entender o porquê. Era uma confusão danada. Dei um abraço de despedida, tentei não ir. Mas precisava. Era o fim. Estava só, vazio.

J.J.M.C.
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Riscos

Eu arrisquei te amar de forma total e irrestrita. Não há espaço em mim para arrependimento. 
Eu te amo e não nego isso a ninguém nem a mim mesmo. E vou te amar sempre porque você merece e é o ser mais incrível que já conheci. 
Você sempre vai me ter, aceite.
Eu não posso te abandonar porque estaria me abandonando. Eu estou aí, dentro de você e você sabe disso, você sente isso. 
Sempre que fecho os olhos, vejo você. Meu coração guardou você com tanto carinho que nem se eu quisesse poderia tirá-la de dentro pois teria de arrancá-lo fora e subsbtituri por outro. 
Não, isso não vai acontecer. Eu te amo e nunca esqueça disso. 
Mesmo em suas noites mais escuras, eu sempre vou te amar, permita-me, chamá-la de meu amor.

J.J.M.C.
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O maior risco da vida é não arriscar nada....

Querido,
[...]
realmente acredito que o maior risco da vida é não arriscar nada.... exercito o risco todos os dias. 
Tenho ainda meus medos do que é novo, "não sei me entregar à desorientação", mas ainda assim fecho os olhos e me permito arriscar, me atiro na fé.
Eu me arrisquei quando te amei, ou melhor, quando me permiti te amar (como se eu tivesse tido escolha, né?). 
Eu me arrisquei também quando terminei nosso lindo relacionamento. Por vezes pensando nisso... 
Eu não me arrependo porque sei que eu precisava ter feito aquilo e ainda que tenha doído muitíssimo em nós dois, foi o melhor que fiz por você também naquele momento, acredite!
Estar aqui, falando com você, ainda que desta forma, é me colocar em risco novamente, não é?
O engraçado é que coloquei alguns "pontos" nesta história, às vezes, alguma vírgulas. Mas a sensação que tenho todos os dias é de reticências sempre....
O que fazer, o que dizer diante de tantas declarações, de tanta verdade nas tuas palavras, nos teus desabafos? Não sei e mesmo que soubesse ainda seria pouco diante do amor que você me dedica ainda, depois de tantos anos.
Quem dirá o que fazer? O que determinará o que fazer? Não sei.
Mas me permita agradeder, pelo menos isso.
Obrigada pelo dia em que você passou a fazer parte de mim e da minha vida, pelas lições, pelas palavras, pelo amor, pelo respeito, pelo carinho, pela fé, pela credibilidade depositada, pelas fichas apostadas, pelos presentes, pelos sorrisos, pelos olhares que arrancaram tanto de dentro de mim, pelas mãos que me puxaram do fundo do poço, pelos braços que me carregaram, pelos beijos, pelos abraços que me confortaram... infinitamente OBRIGADA por Você!
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Agradecimento mesmo após um fim

São Luís, 08 de julho de 2012.




Obrigado por você existir;
Obrigado pela paciência despreendida para compreender um homem mais velho em sua vida e já com uma história de relacionamento em seu curriculum;
Obrigado por me permitir entrar em sua família;
Obrigado pelas poucas vezes que trocamos palavras ríspidas;
Obrigado pela tuas infinitas dúvidas;
Obrigado pelos teus porques; 
Obrigado por teres me permitido ler os teus pensamentos e os teus olhos que tanto me ensinaram;
Obrigado pelo teu silêncio;
Obrigado por tuas lágrimas que tantas vezes me transformaram num humano comum;
Obrigado pelo amor que dispusestes para mim;
Obrigado por ter-me feito quebrar minha promessa de não falar mais com você;
Obrigado por tua sinceridade, ácida, doce, eficaz, lógica;
Obrigado por ter-me proporcionado uma experiência única em minha vida: nossa intimidade única e transcendental;
Obrigado por tantos momentos bons que me proporcionastes e olha que foram muitos;
(Não preciso de muito para ser feliz, só de você)
Obrigado por sonhares comigo uma vida cheia de surpresas;
Obrigado pelos filhos que sonhamos;
Obrigado pelos planos que fizemos;
Obrigado pela coragem de mandares embora de tua vida e ainda ter se lascado por não ter conseguido me fazer ir embora para sempre;
Obrigado maior amor de minha vida.

J.J.M.C.
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